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Embaixador na UNESCO diz que foi demitido por Sócrates

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Clique para ampliar Manuel Maria Carrilho acusou o primeiro ministro José Sócrates de “responsabilidade” na sua “demissão” do cargo de embaixador de Portugal junto da UNESCO, afirmou à Agência Lusa em Paris.

“É natural. A nomeação, como a demissão, de um embaixador político, como é o meu caso, é uma decisão do primeiro ministro”, declarou o ex-ministro da Cultura sobre a sua saída da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. “Os dados que tenho apontam para responsabilidades ao mais alto nível na minha demissão”, sublinhou Manuel Maria Carrilho.

Questionado sobre se relaciona a saída da UNESCO com as posições políticas assumidas na imprensa e em livro, Manuel Maria Carrilho diz ter “dados que apontam para um desconforto com a entrevista ao Expresso (do sábado passado) ao mais alto nível, nomeadamente do primeiro ministro”.

Manuel Maria Carrilho acrescentou que “essa entrevista causou muito incómodo mas não deve causar. São análises de problemas nacionais, problemas estruturais do país. Nós estamos numa situação muito grave e eu estou muito preocupado como português. Procuro dar o meu contributo construtivo”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou a substituição do embaixador de Portugal junto da UNESCO como parte de uma rotação de diplomatas. O chefe da diplomacia portuguesa, Luís Amado, declarou na segunda feira que a decisão foi tomada em abril e comunicada ao embaixador na UNESCO, que a acatou.

Manuel Maria Carrilho recusou-se a desmentir o ministro “porque isso não traria prestígio para Portugal” mas afirma que a substituição de diplomatas não aconteceu como anunciado pelo MNE.

“Acabaram de me informar que parte da chamada rotação de outono já se fez no verão e que vários embaixadores foram nomeados já em Diário da República em julho e em agosto”, afirmou Manuel Maria Carrilho.

À questão da eventual importância da desobediência do sentido de voto do MNE, há um ano, na eleição do novo diretor geral da UNESCO, Manuel Maria Carrilho respondeu com uma “precisão” sobre o caso, explicando que a sua função enquanto embaixador “é habilitar o Governo a tomar decisões”.

Foi nesse contexto que diz ter prestado “todas as informações” no sentido de Lisboa não apoiar o candidato egípcio, “uma candidatura muito sensível que nenhum país europeu, talvez tirando a Itália, apoiava, de um homem que anunciava que queria queimar livros e era responsável pelo encarceramento de jornalistas”.

Manuel Maria Carrilho afirmou hoje que “foi o ministro” Luís Amado quem sugeriu, “de resto com a frase ‘atendendo ao seu perfil humanista’”, que o embaixador não votasse e que o voto fosse cumprido pelo diplomata número dois da missão de Portugal na UNESCO, como aconteceu.

“Eu cumpri todas as instruções do ministro Amado nessa fase. A opção portuguesa foi cumprida de acordo com a sugestão do próprio ministro”, declarou ainda Manuel Maria Carrilho.

O ex-ministro da Cultura concluiu que sai de Paris com “o espírito de missão cumprida” e que volta ao seu lugar de catedrático na Universidade Nova de Lisboa, onde leciona Filosofia Contemporânea.

“Tenho imensas saudades de dar aulas”, concluiu.

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