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É Carnaval, ninguém leva a mal

A respeito da frase “É Carnaval, ninguém leva a mal”, tenho-vos a dizer o seguinte: isso é treta!!!

Vou-vos contar uma das minhas aventuras de adolescente e que provam solenemente que essa frase do Carnaval é uma autêntica treta.

Desde criança, sempre tive um autêntico apetite por testar o limite da paciência das pessoas, não só pela forma irrequieta que tinha de estar como também a forma reguila que tinha de abordar as pessoas mais velhas.

Há cerca de vinte anos, juntamente com o meu grupo de amigos, resolvemos aproveitar ao limite a frase ” É Carnaval, ninguém leva a mal”.

Tudo começou dentro da cave de um grande amigo, onde geralmente passávamos as nossas tardes a visualizar episódios épicos de Dragon Ball e a jogar frenéticas partidas de Super Mario Kart. Porém, nesse Domingo de Carnaval, o espírito era outro. Um elemento do grupo tinha arranjado um bom armamento de balões de água. Claro que, balões de água em mãos de crianças, só pode dar merda. E deu, de facto.

Numa espécie de brainstorming, resolvemos mandar três balões às pessoas que surgissem na rua. Enquanto dois elementos inspecionavam de forma atenta o que se passava na rua através de uma janela na cave, os outros três elementos, na parte de fora, lançavam os balões com água, de forma rápida e eficaz, fugindo rapidamente novamente para a cave. Claro que, no plano ideal, esta ideia poderia ter durado a tarde toda. Mas não. Não aconteceu. E logo na primeira tentativa, deu merda e da grossa.

Fui um dos três elementos para mandar os balões de água a quem surgisse na rua. Esperamos pelas potenciais vítimas, e não estava fácil. A rua estava praticamente deserta naquele dia (muito provavelmente porque estavam todos enfiados no cortejo da cidade). Porém, quando surgiram as primeiras vítimas, e de forma azarenta, apareceu um casal acompanhado de uma criança dentro de um carrinho de bebé. Pior não podia ter acontecido, mas depois de tanto tempo à espera de vítimas, tinha de ser mesmo aquele casal a levar com os balões. E assim foi.

Após uma breve discussão, decidimos rapidamente que eram os alvos, porém a ideia era acertar unicamente nos adultos. Isto claro, dado ao nosso nível de pontaria afinada, era “canja”. Mas não foi.

Após uma praticamente e sorrateira contagem de 3…2…1, lançamos os três balões ao mesmo tempo, ao que rapidamente tivemos a noção de que o balão que tinha sido lançado por mim, tinha acertado em cheio no carrinho da criança. Fugimos com todas as forças para a cave, desamparados e gritamos o mais rápido que conseguimos para os outros elementos se esconderem, e desligarem as luzes.

Formou-se o maior silêncio que já ouvi na vida, onde apenas se ouvia a respiração acelerada da corrida aparatosa. Mas pouco tempo depois, ouvimos um homem a descer as escadas de forma furiosa, batendo violentamente contra a porta com dois pontapés. Provavelmente ainda tentou encontrar algum dos pirralhos que lhe tinham encharcado a criança. Mas não conseguiu. Conhecíamos os melhores esconderijos daquele espaço, e jamais nos encontraria sem o auxílio de uma lanterna. Felizmente, não perdeu muito tempo e foi embora. Foi um alívio. Pois nem quero imaginar se, por ventura, aquele brutamontes, tivesse encontrado algum de nós.

Escusado será dizer que foi um risada brutal, e uma descarga de adrenalina fantástica após esse momento. Hoje guardo com grande carinho essa memória que serve quase sempre de argumento para a frase estúpida: “É Carnaval, ninguém leva a mal”. O que de facto é uma autêntica mentira!

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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