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Duas vítimas da República

A Primeira República Portuguesa ficou conhecida pela perseguição desenfreada ao clero. Não foram só os padres que sofreram tratos de polé. Pastores Evangélicos foram, igualmente, vítimas do ateísmo republicano.

Todavia, pela dimensão e influência, o alvo preferido do populacho sem escrúpulo, foi a Igreja Católica.

Entre os numerosos padres expatriados, havia o Padre Vieira, da diocese do Algarve, e o Padre Dr. António D’Azevedo Maia, do Porto. O primeiro natural de Portimão; o segundo de Modivas (Vila do Conde).

O Dr. Azevedo Maia era pároco de Santa Marinha (Gaia) e assíduo colaborador do semanário “PAZ”. Sacerdote cultíssimo e excelente orador.

As homilias, profundamente cristãs, não agradavam à arraia miúda – nem graúda – republicana.

Várias vezes foi preso e ameaçado de morte, mas o bom sacerdote, destemido, como era, não deixava de pregar desafogadamente a doutrina de Cristo e o desvario do governo ateu.

Certa vez foi avisada que planeavam matá-lo.

O Dr. Azevedo Maia, temeu. Após muito pensar, resolveu pedir auxílio ao farmacêutico estabelecido na rua Direita (Gaia).

Era o Dr. Américo Augusto Ribeiro Gonçalves, republicano de sete costados, mas honesto e justo. Assentou recolhe-lo em sua casa, já que ninguém pensaria que o padre iria acolher-se a casa de conhecido ateu e republicano.

Decorrido semanas, vestido à civil, o abade, de madrugada, rumou à estação ferroviária da Devesas, com destino a Paris.

Dias depois, a “PAZ”, publicava “ Cartas do Exílio”, assinadas pelo famoso Dr. Azevedo Maia.

Sorte pior teve o Padre Vieira, pároco de Loulé. A Carbonária (organização secreta republicana) não deixava de rondar-lhe a casa, no intuito de prende-lo ou matá-lo, como já fizera a muitos sacerdotes menos influentes.

Resolveu fugir de barco para Espanha, e daí para o Brasil, onde foi recebido, com carinho, pela colónia portuguesa do Rio.

Partiu, depois, no vapor Cordiliere, para a Baía, em Setembro de 1912, ao encontro de jesuítas amigos.

O Arcebispo de S. Salvador, depois de verificar as referências, colocou-o na Ilha de Itaparica, onde se tornou conhecido pelas excelentes práticas que proferia.

Entretanto, regressa a S. Salvador, para paroquiar. O clero brasileiro não gostou que um estrangeiro fosse colocado na Capital. Temiam, certamente, serem ofuscados pela inteligência e dinamismo do sacerdote.

Num desabafo o Padre Vieira disse: “A Santa Igreja, penso e sempre assim pensei, não tem fronteiras e dentro dela não deve haver estrangeiros.”

A frontalidade, levou-o a ser expulso da Arquidiocese.

Exilado, sem dinheiro, valeu-lhe um patrício, que lhe ofereceu meios para levar vida decente, fora da Igreja.

Mas o Padre Vieira não queria deixar o sacerdócio. Recebendo chamado do Bispo da Barra do Rio Grande, para paroquiar Barreiras, aceitou.

Tanto amou Barreiras que se entregou de alma e coração ao seu povo, não só evangelizando, mas erguendo estruturas para que a Igreja pudesse crescer: como a construção da Matriz de São João Batista, em Maio de 1921, e a criação de Centros de Apostolado.

Colaborou, como pioneiro, na educação do povo, participando na abertura do Aprendizado Agrícola de Barreiras e no Ginásio Padre Vieira.

Durante dez anos paroquiou Barreiras, entregando-se de tal modo à cidade que embora gostasse da sua Pátria e da terra onde nascera, considerava-se como se filho fosse de Barreiras, tanto amor dedicara à encantadora povoação baiana e à sua gente.

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