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Demografia marxista

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Carlos Carvalhas, ex-secretário-geral do PCP, defendeu que “ter uma família numerosa é quase uma manifestação exterior de riqueza”. Tem razão. Mas o PCP deveria começar por pedir desculpa pelas responsabilidades próprias, que partilha com o BE e o PS. A quebra da demografia não se trata com ideologia; encara-se com razão de ciência.

Acerca da apresentação do relatório do FMI sobre desigualdades entre gerações, Carlos Carvalhas argumentou com a relevância primordial das diferenças entre os rendimentos do capital e dos trabalhadores, como justificação para a quebra da demografia, que seria superada se os jovens conseguissem um emprego sem termo e habitação.

Reconhecendo a importância do emprego e da habitação, convirá recordar que no mais a teoria choca de frente com a realidade. Comparativamente com a União Europeia, nascem muito mais crianças em países infinitamente mais pobres, considerado o rendimento per capita. E nestes países, o essencial da riqueza também se concentra invariavelmente em nomenclaturas oligárquicas milionárias.

De 7,4 mil milhões de seres humanos (dados de 2015), 60% população está na Ásia, com 4,4 mil milhões de pessoas, seguida da África, com 1,2 mil milhões, da Europa, com 738 milhões, da América do Sul, com 634 milhões, da América do Norte com 358 milhões e da Oceânia com 39 milhões.

Estima-se que nos próximos 30 anos o planeta albergará cerca 9,7 mil milhões de pessoas. África mais do que duplicará a população, que na Ásia crescerá 20 %, a par de 22 % na totalidade do continente americano e 46% na Oceânia. Em tendência inversa, só a Europa deverá diminuir em 4% a sua população.

Registemos então outras causas, desde logo em Portugal.

O Estado não beneficia as famílias numerosas; penaliza-as todos os dias.

Foi extinto o quociente familiar, que no cálculo do rendimento coletável considerava todos os constituintes do agregado familiar e não apenas os dois membros do casal.

Aumentaram-se os impostos sobre os combustíveis e os custos dos veículos com maior capacidade, inevitáveis a quem tem mais de três filhos.

Bateram-se recordes em cativações – quase 1000 milhões de euros – abrangendo setores alvo de qualquer família, com epicentro na saúde, na educação e na administração interna.

Eliminaram-se serviços públicos fundamentais para manter pessoas no interior desertificado do país.

Agravou-se o IUC e criou-se um adicional ao IMI.

Taxaram-se até as bebidas mais consumidas em meios desfavorecidos.

Manifestamente, a “geringonça” não é amiga de quem quer ter filhos.

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