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Colunistas

De poetae dolorum natura

I
Exerço o cargo de crucificado ambulante
nos sitiados penhascos do quotidiano
conjuntamente com o ofício de cronista
desse despovoado calvário, minha pátria.

II
De tudo aquilo que arde
o fogo é o que menos queima.
As escuridões vêm doer em mim, e o meu corpo
é um caminho abandonado, uma solidão de pastor.

III
Por vezes dou passos irrespiráveis
os meus olhos, esquálidos, cambaleiam
o sangue fica míope e ensurdece, as mãos azedam
desequilibro-me, experimento falecimentos.

IV
Passados tantos anos
o visceral estigma permanece:
continuo um profeta sem papéis.
A morte incumbir-se-á de cicatrizar esta dor – a minha condição.

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dinismoura

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