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A criação do Futebol

“Marquemos, disse o mudo. E o paralítico correu e marcou golo ao cego.”
Livro das Impossibilidades

A criação da bola e dos estádios e de tudo o que neles se contém.
1. No princípio, criou Mourinho os estádios e a bola.
2. E a bola era sem forma e vazia; e havia trevas sobre o relvado; e o espírito de Mourinho se movia sobre o cérebro arrelampado dos jornalistas que nunca tinham visto um ‘Special One’ na sua vidinha de não crentes.
3. E telefonou Mourinho a António Mexia e lhe disse: Haja luz! E houve luz sobre o relvado… mas só após Mourinho ter feito uma transferência de 30 milhões para a conta do CEO da EDP. Foi o dia segundo.
4. E viu Mourinho que era boa a luz; e fez Mourinho separação entre a luz e alvalade, mesmo ao ‘lade’.
5. E Mourinho chamou à luz Benfica e a alvalade chamou Sporting.
6. Mourinho viu que era bom e disse aos estádios: Crescei, multiplicai-vos e endividai-vos de norte a sul, de este a oeste.
7. Entusiasmado com esta sua obra, Mourinho queria, no entanto, uma maior organização táctica, e ordenou: Haja uma expansão no meio do relvado, e haja separação entre relvado de um lado e relvado do outro lado.
8. E fez Mourinho a expansão, e fez separação entre a relva que estava à esquerda da estrada e a relva que estava à direita da estrada.
9. E chamou Mourinho à estrada, segunda circular. E foi o dia terceiro.
10. E disse Mourinho: Um relvado sem bolas é como uma arbitragem sem polémicas (a propósito, pensou Mourinho, não me posso esquecer de criar a arbitragem). Que as crianças do Paquistão deem forma às bolas e as cosam à mão! 11. E as crianças do Paquistão fizeram duas bolas sem receberem nada em troca, pois a Mourinho nada se pede. A Mourinho só se louva.
12. E Mourinho as abençoou (às duas bolas) e lhes disse: Crescei e multiplicai-vos pelos relvados de todo o mundo, nem que para isso se tenha que recorrer ao trabalho escravo infantil.
13. E os estádios e as bolas multiplicaram-se por todo o mundo. E Mourinho viu que era bom. E assim foi o dia quarto.
14. Mas apesar da fantástica obra que Mourinho tinha criado, faltava qualquer coisinha que animasse os estádios.
15. Foi então que Mourinho disse: produzam os relvados jogadores de alma goleadora. E do nada surgiram Peyroteo, Eusébio, Maradona, Pelé, CR7, Messi… E Mourinho viu que era bom vê-los a jogar à bola. E foi assim o dia quinto. 16. Mas Mourinho sentia-se sozinho nas bancadas. Então disse: produzam as bancadas répteis, felinos e aves de alma chinfrineira, que animem os estádios.
17. E assim foram criadas as claques de dragões, lagartos, leões, águias e outros animais ruidosos. E os estádios nunca mais foram os mesmos.
18. Mas Mourinho viu que faltavam regras e disciplina dentro das quatro linhas.
19. E assim foram criados os árbitros para impor a verdade desportiva dentro das quatro linhas.
20. E já agora, Mourinho lembrou-se que ainda não tinha criado as quatro linhas, pelo que as criou de imediato. Bastou, para tal, pedir uma ajudinha a Maradona.
21. E como Mourinho é um Deus dos tempos modernos, criou também o vídeo-árbitro, não fosse o diabo tecê-las em lances mais polémicos.
22. E para não estar sozinho na batalha pela verdade desportiva, criou Mourinho também o comentador Rui Santos, uma espécie de arcanjo esférico.
23. Finalmente, Mourinho sentou-se no seu cadeirão celestial e pensou, e pensou, e pensou, e pensou, e pensou, e pensou, e pensou, e pensou, e pensou, e pensou, e pensou como é que haveria de baptizar esta sua obra divina que haveria de mudar todas as coisas existentes no universo.
24. Ao fim de muito pensar e pensar e pensar e pensar e pensar e pensar e pensar e pensar, Mourinho achou por bem baptizar esta sua obra com o nome de “Futebol”. E foi assim que Deus Mourinho criou o futebol. E Mourinho viu que era bom. E assim foi o dia sexto.
25. E ao sétimo dia, Mourinho não descansou, nem deixou descansar ninguém…

 

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