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Cortejo fúnebre de Mário Soares mobiliza milhares de pessoas

O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa (C), acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva (E), e pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues (D), durante as cerimónias fúnebres do antigo Presidente da República Portuguesa Mário Soares, no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa. 9 de janeiro de 2017. O antigo líder socialista e antigo Presidente da República Portuguesa Mário Soares morreu a 7 de janeiro de 2017 no hospital da Cruz Vermelha em Lisboa com 92 anos. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Vários milhares de pessoas, anónimas e públicas, despediram-se esta segunda-feira do ex-Presidente da República Mário Soares no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e ao longo de um prolongado cortejo fúnebre iniciado ao final da manhã.

O movimento intenso de anónimos e figuras públicas que acorreram à Sala dos Azulejos, nos Jerónimos, para o “último adeus” a Mário Soares, falecido no sábado com 92 anos, não parou durante toda a tarde, com o período de espera a demorar, em média, 30 minutos.

Figuras destacadas da vida pública, como atuais e ex-líderes políticos, misturaram-se com populares nas longas filas para velar o corpo do antigo chefe de Estado, que ficou em câmara ardente desde as 13:10, situação que continuará até as 00:00. Na terça-feira, a Sala dos Azulejos voltará a abrir entre as 08:00 e as 11:00.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, receberam o cortejo fúnebre do antigo chefe de Estado no Mosteiro à porta dos Jerónimos, onde regressaram antes das 20:00 para mais uma homenagem. Na chegada da urna num armão puxado por quatro cavalos brancos esteve também a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, a representar o Governo.

Do executivo, recém regressado da India, onde o primeiro-ministro, António Costa, se encontra em visita oficial, esteve também o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Questionado pelos jornalistas sobre o facto de António Costa ter mantido a visita após a morte do ex-Presidente, Santos Silva considerou que foi “uma bela homenagem” a Soares, que a compreenderia.

Os antigos Presidentes da República Ramalho Eanes e Jorge Sampaio, o ex-primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, os líderes do CDS-PP, Assunção Cristas, e do PCP, Jerónimo de Sousa, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e o ex-dirigente socialista António José Seguro foram algumas da personalidades que se deslocaram também aos Jerónimos para se despedirem de Mário Soares e darem um abraço aos filhos do falecido, João e Isabel.

O cardeal-patriarca, Manuel Clemente, o ex-chefe do Governo José Sócrates, o ex-candidato presidencial Sampaio da Nóvoa, o ex-presidente do Sporting Dias da Cunha, o fadista Carlos do Carmo, os atores Vitor de Sousa e Lurdes Norberto, os jornalistas Carlos Magno e Vicente Jorge Silva, o padre Vitor Feytor Pinto, o empresário Ilídio Pinho e o humorista Ricardo Araújo Pereira, foram outros dos presentes.

O presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, o maestro António Victorino d´Almeida, o ministro das Finanças, Mário Centeno, o constitucionalista Jorge Miranda, o ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos António Domingues, o ex-procurador-geral da República Pinto Monteiro e o ex-eurodeputado e fundador do partido Livre Rui Tavares também marcaram presença.

Ex-dirigentes políticos como José Pacheco Pereira e José Vera Jardim foram também aos Jerónimos apresentar condolências à família de Soares, tal como os ex-ministros Marçal Grilo, Nobre Guedes e Leonor Beleza.

Nas declarações no exterior do mosteiro, Pedro Passos Coelho sublinhou que Mário Soares está a ter uma “homenagem nacional”, sentida por todos os portugueses, enquanto o líder comunista, Jerónimo de Sousa, optou por manifestar o seu pesar e recordar o “combate contra a ditadura fascista”.

Assunção Cristas destacou o papel de Soares na consolidação da democracia pluripartidária e na adesão de Portugal à Europa. Catarina Martins lembrou que esteve ao lado de Soares na luta contra a guerra do Iraque e classificou o ex-Presidente como um “marco da história do século XX e da democracia portuguesa”.

Os dirigentes históricos socialistas Manuel Alegre e Edmundo Pedro estiveram também nos Jerónimos. Alegre considerou que Mário Soares “não desaparece”, porque ficará na memória de todos os que prezam os valores da liberdade, democracia, justiça social e tolerância. Edmundo Pedro recordou os combates com o amigo Mário Soares, “sempre do mesmo lado”.

De manhã, o cortejo fúnebre iniciou-se cerca das 11:00 em frente à porta da casa do antigo chefe de Estado, onde largas centenas de pessoas estavam já concentradas. O carro funerário permaneceu no local cerca de cinco minutos, tendo-se ouvido aplausos e palavras de louvor, como “Soares é fixe” (slogan da sua primeira campanha presidencial).

Mário Soares morreu no sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.

O Governo português decretou três dias de luto nacional, até quarta-feira.

O funeral realiza-se na terça-feira, pelas 15:30, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, após passagem do cortejo fúnebre pelo Palácio de Belém, Assembleia da República, Fundação Mário Soares e sede do PS, no Largo do Rato.

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