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Corrupção democrática: tráfico de influência mina os Estados

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Segundo um estudo da Transparency International (TI), mais de metade dos antigos comissários da EU, que deixaram o trabalho na Comissão Europeia desde 2009, encontram-se empregados em organizações de influência e pressão lobistas. T I critica que cargos públicos sejam usados como plinto para empresas e como tráfego de influências.

Dos 485 deputados do parlamento europeu, que depois das eleições de 2014 deixaram o cargo, encontram-se 171 a trabalhar como lobistas para firmas com sede em Bruxelas e cuja finalidade é influenciar a política da EU. Os interesses de política e economia fluem uns nos outros. O ex-presidente da EU, Manuel Barroso, aconselha hoje a Goldman Sachs, a ex-comissária para protecção do clima é conselheira da VW e o seu antecessor Karel de Cucht é conselheiro da Telecom belga etc.

Lobistas são pessoas de influência que trabalham num grupo ou empresa com o objetivo de interferir diretamente nas decisões do poder público (executivo e legislativo).

Os partidos políticos são o lóbi do cidadão mas devido à complexidade da vida política esta exige dos políticos e dos órgãos do Estado, a consulta de conselheiros (lobistas) no processo de tomada de decisões.  Daí surgirem conflitos de interesses.

Firmas com interesses que não os do Estado e da população, estão interessadas em pessoas com influência no executivo e no legislativo, por isso empregam ex-altos funcionários do Estado.

Portugal é ainda um Estado em que a corrupção é estrutural; esta acompanha-nos: desvios de subsídios da EU,  PPPs, a velha questão Sócrates e comparsas e o actual caso escandaloso Centeno-Domingues-Caixa-Marcelo-Parlamento; tudo isto revela uma maratona do ganhar tempo para evitar condenados e um eficiente resultado do tráfico de influências subornadoras do Estado e da cidadania portuguesa.

Cada vez se precisam mais instâncias de controlo para que a democracia e o estado não sejam manipulados por interesses alheios organizados.

TI pretende que se eleve de 18 para 36 meses o intervalo da ocupação para pessoas de altos cargos públicos que passem para o privado e critica o facto de os parlamentares não estarem submetidos a nenhum período intercalar podendo transformar-se imediatamente em lobistas, muitas vezes recebendo ainda os subsídios transitórios.

O comportamento revelado no tráfico de influências no campo político reduz para cinismo a queixa da classe dominante sobre o populismo nascente.  A transparência que não é comum nos estados africanos também não é virtude nos Estados europeus. Parece que vivemos numa sociedade do tudo vale, vale tudo até o mal!

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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