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Congresso do PSD: Passos quer reformar mas não tem pressa de governar

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho (E), durante o 3º e último dia do 36.º congresso nacional do PSD, em Espinho, 03 de abril de 2016. ESTELA SILVA/LUSA

O presidente do PSD terminou este domingo o 36.º Congresso com menos apoio nas urnas à sua direção e com novos apelos a reformas estruturais nas políticas públicas, segurança social e lei eleitoral, com que já tinha iniciado a reunião.

No seu discurso de encerramento do congresso que decorreu em Espinho (Aveiro), Pedro Passos Coelho disse não esperar eleições nos próximos anos, assegurou que o partido “não tem pressa”.

Reiterou ainda uma ideia expressa na abertura da reunião magna, quando classificou como legítima e consistente a atual maioria que suporta o Governo: “Somos um partido da oposição. Não concordamos com este Governo nem com esta maioria. Sabemos que este Governo e esta maioria não precisam de nós”.

O ex-primeiro-ministro ressalvou que o PSD não está “do contra por estar do contra”, mas por discordar das políticas, e deixou uma mensagem ao PS: “Estas políticas não são as nossas. Não queiram falar em compromisso de ideias, de projetos, se não se aproximarem de nós”.

Passos Coelho propôs ainda rever, “pedra por pedra”, as principais políticas públicas na área social, incluindo educação, saúde e apoio social, para melhorar a redistribuição de rendimentos e combater as desigualdades.

Na eleição dos órgãos nacionais, Passos Coelho conseguiu 33 dos 70 lugares do Conselho Nacional, quase o dobro dos 18 lugares que tinha elegido há dois anos, e depois de ter integrado na sua lista elementos das estruturas autónomas da JSD e TSD.

Mas se na eleição para o ‘parlamento do partido’ os resultados foram melhores do que há dois anos, na eleição da Comissão Política Nacional – que tem como principal novidade a passagem da ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque de militante de base a vice-presidente – Passos Coelho registou o pior resultado de sempre desde que é líder: 79,8% dos votos, com um quinto dos votantes a não sufragarem a direção do líder.

A subida de Maria Luís Albuquerque à direção foi justificada por duas vezes por Passos Coelho pelas suas qualidades “notáveis” como ministra, mas outras figuras do partido reagiram sem tanto entusiasmo: Paulo Rangel considerou a escolha “previsível”, Pedro Duarte disse que teria optado por “uma lógica de renovação” e José Eduardo Martins remeteu para o presidente a responsabilidade pela direção.

Os três dias de congresso decorreram, como se esperava, sem críticas claras a Passos Coelho e apenas o ex-secretário de Estado José Eduardo Martins fez alguns reparos à forma como o PSD tem feito oposição, pedindo mais inteligência e que o partido assuma “na plenitude” a sua matriz social-democrata.

As eleições autárquicas do próximo ano foram o tema que mais entusiasmou os congressistas, com o presidente dos Autarcas Social-Democratas, Álvaro Amaro, e o ex-ministro da Defesa José Pedro Aguiar-Branco a pedirem a todos os notáveis do partido que “não fiquem no sofá” e estejam disponíveis para esse combate.

Aguiar-Branco foi mais longe e sugeriu Pedro Duarte como candidato ao Porto e José Eduardo Martins a Lisboa.

Santana Lopes – o único ex-líder do PSD a marcar presença no congresso de Espinho – também foi questionado sobre a sua disponibilidade para estas eleições e disse não estar “para aí virado”. No palco, deixou um pedido de calma ao partido sobre o tema: “’Keep cool’, tenhamos calma, tudo a seu tempo”.

O novo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mereceu uma referência no discurso de abertura de Pedro Passos Coelho, que enviou um abraço ao ex-líder social-democrata e defendeu que o chefe de Estado não deve ser instrumentalizado pelos partidos.

Foi Pedro Santana Lopes quem homenageou no seu discurso o antigo Presidente da República e também ex-líder do PSD, Aníbal Cavaco Silva – que mereceu um aplauso de pé por parte dos congressistas – e notou que, pela primeira vez na história há um ‘empate’ de “2-2” entre chefes de Estado oriundos do PS [Mário Soares e Jorge Sampaio] e do PSD [Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa].

“Um dia haverá quem desempatará”, vaticinou.

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