De que está à procura ?

Colunistas

Cinema

Confesso que depois de anos a fio a ir várias vezes por semana ao cinema com o Germano, e papávamos desde filmes pornográficos tipo “Branca da Nave e os sete matulões” a filme indianos com muito amor impossível e de fazer chorar as pedras da calçada, fartei-me de ir ao cinema, à sala de espectáculos, apesar de continuar a gostar bastante de uma comédia romântica!

Apesar de tudo, eu e o Germano fomos grande realizadores de cinema, e ele um grande actor, e para aí com 16 anos e muito pêlo, e era vê-lo de fraldas a imitar um bebé para uma curta metragem baseada num livro cujo o título era “Conversas com Piaget” e que versava acerca das fases de uma criança em crescimento.

A coisa garantiu para aí um 17 a Filosofia do 11º ano, e tínhamos uma professora espectacular, uma velhinha que durante a sua infância foi pastora, aprendeu a ler aos vinte anos a licenciou-se em Filosofia uns anos mais tarde.

Quando eu, o Germano, a Margarida, a Palmira, a Cristina e muito outros a apanhamos, já a senhora estava em idade de reforma, mas continuava a lecionar ano após ano. E na penúltima aula do ano lectivo, ela afirmava a todas a turmas que eventualmente se iria reformar e que estávamos todos dispensados de ir à aula seguinte, à última.

Claro, que eu, estúpido, nem sequer lá pus os pés, e fiquei desconcertado ao entender que a professora gostaria de dar a última aula da vida dela a pessoas que tivessem gosto em adquirir conhecimento, e não, que estivessem presentes por obrigação. É uma das coisas que tenho entalada na garganta e que me faz sentir muito estúpido.

Mas estou a dispersar e o tema é cinema e não é a mais maravilhosa professora de filosofia do mundo.

Hoje li que o número de espectadores de filmes portugueses em cinemas portugueses apenas representa 2,1% do total assistido! 97,9% dos bilhetes comprados são para se assistir a filmes estrangeiros, e nem a produção de filmes diminuiu nem o número de espectadores escasseou.

Quando comparado com há uns anos, em que era de 16%, ou quando comparado com outros países em que o número de espectadores nacionais que assistem a filmes nacionais (40% na Alemanha e 50% em França) é muito superior, nota-se que há um desfasamento completo entre a realização e o público.

E foi de 2% porque um filme, a nova versão da “Canção de Lisboa” teve mais assistência que quase todos os outros filmes portugueses todos junto. A nova versão do Leão da Estrela foi um verdadeiro fracasso, o Amor Impossível de António Pedro de Vasconcelos um verdadeiro fiasco apesar das excelentes criticas e prémios que ganhou.

A malta não precisa de circo para o povo, não necessita que se largue um porco no palco para a malta se rir, precisa que os realizadores entendam o público e não somente o público interpretar a obra.

É que isto de se fazerem filmes para não serem visto, sai muito caro, até a quem não os vê.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA