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Casamento de conveniência

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Numa singular entrevista, dadas as circunstâncias, Catarina Martins lamentou que o PS seja um partido cativo de interesses económicos. Extraordinária novidade, ponderado que os tribunais e os jornais estão pejados de indícios e evidências do óbvio, nascidos antes do aparente assomo de lucidez da coordenadora do BE. Relevante é que não retire daí consequências. Afinal, o tal PS cativo de interesses económicos só está no poder, apesar de derrotado nas urnas, porque o BE assim força, numa geringonça parlamentar forjada por interesses bem mais obscuros. Desde 2015, vencer eleições já não chega.

O país foi surpreendido pelo escândalo Raríssimas. Alguém ouviu o BE reclamar da tutela uma só demissão? Imagine-se agora que os tempos eram outros e envolvidos estavam nomes associados à Direita?

Catarina Martins é atriz. Dispensava-se mesmo assim tanto esforço para transformar a política numa cena parlamentar mal ensaiada. Discursos de sobrolho franzido, sobre “a palavra dada” pelo PS, que afinal “não é palavra honrada”, apenas reforçam a evidência. Só teatro, que prescinde da responsabilidade política de quem seja. No PS tudo se pode, porque na extrema-esquerda tudo se permite e branqueia. Já não se pedem demissões de governantes. Umas frases saídas da cartilha coletivista, no momento certo, bastam e ajudam ao faz-de-conta.

omo se viu, o escândalo Raríssimas limitou-se a sugerir ao BE um comunicado a ferros, dizendo que “o Estado deve garantir o necessário investimento em serviços públicos, recusando entregar ao privado responsabilidades que devem ser públicas”. Na mesma linha, o PCP avança que o “caso Raríssimas prova que responsabilidades do Estado não devem ser transferidas para terceiros”.

Ou seja, como se não bastasse, BE e PCP servem-se de um triste caso no mundo associativo, que por acaso radica nos seus aliados, para tentar a afirmação política de todo o preconceito que lhes justifica a existência. Agora; aplicada a doutrina à letra como critério, significaria então que o trajeto ruinoso de Armando Vara à frente da CGD – banco público -, ou as habilidades de José Sócrates na Parque Escolar, ou os milhões desbaratados em projetos de TGV sem sentido deviam arredar, sopesada a prevaricação, o Estado do setor bancário, educativo e dos transportes ferroviários?

Já agora, o sucesso da reestruturação das OGMA, ou a revitalização dos privatizados Estaleiros de Viana não lhes ensinou nadinha?

E gostariam mesmo de ver extintos o Instituto Champalimaud, o IPATIMUP, ou o Instituto Gulbenkian Ciência?

Tenham juízo.

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