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Candidato luso no Reino Unido quer melhor integração dos portugueses

Os imigrantes portugueses devem integrar-se e participar cívica e politicamente no Reino Unido para defender os próprios interesses, defende Eduardo Gonçalves, o primeiro candidato lusodescendente a deputado no Reino Unido.

Candidato às eleições legislativas de 07 de maio no círculo uninominal de Rugby, 140 quilómetros a noroeste de Londres, pelo partido dos Liberais Democratas, espera conseguir inspirar outros compatriotas.

“Quero enviar uma mensagem aos portugueses aqui em Rugby, mas também um pouco por todo o país: nós não somos muito bem representados na política e na sociedade civil aqui no Reino Unido e para lutar e defendermos os nossos interesses e promover os nossos valores temos de ser visíveis, temos de estar integrados, temos de participar”, disse à agência Lusa.

O ativista e atual diretor de uma organização ambientalista, filho de portugueses mas nascido em Londres em 1968, defende que os portugueses devem procurar contribuir para a sociedade do país de acolhimento.

“Espero que possam vir atrás de mim mais portugueses, mais lusodescendentes, a candidatarem-se nas eleições gerais mas também nas eleições locais e que hajam autarcas portugueses em funções”, declarou.

Conhecido localmente por Ed – “Eduardo Gonçalves é muito comprido, não cabe nos panfletos” -, o candidato liberal democrata tem feito da imigração um dos seus principais temas de campanha, questão que diz estar a contaminar os partidos Conservador e Trabalhista.

“Comecei a ficar cada vez mais preocupado com o surgimento do partido UKIP [Partido para a Independência do Reino Unido], que é o partido da extrema-direita, que tem uma plataforma contra os imigrantes e a imigração. Foi por isso que, pela primeira vez que quis ser candidato, para contrariar essa tendência que tem vindo a influenciar toda a política britânica”, justificou.

O diretor de campanha, e candidato pelos Lib Dems em 2010, Jerry Roodhouse, elogia o currículo de Gonçalves, que inclui trabalho para as organizações ambientais World Wide Fund for Nature (WWF) e atualmente para o Climate Change Group, bem como assessor parlamentar do partido.

“O Ed abriu o debate sobre a imigração e [o crescimento da] extrema-direita por toda a Europa o que é preocupante. E o Ed pode falar disso da sua perspetiva, o que é muito bom, em particular em Rugby, onde temos muitos empregados estrangeiros em armazéns por toda a região”, vincou o vereador municipal em Rugby.

O lusodescendente de 47 anos, casado e pai de dois rapazes, é também diretor da “Kidney Kids”, uma organização de apoio a famílias cujas crianças têm doenças renais, a qual fundou após ser confrontado com o problema e doado em 2013 um rim ao filho de nove anos, Luís.

A ausência de cartazes ou material de campanha na cidade é normal no Reino Unido, garante Roodhouse, que explica que “muita da campanha faz-se por email e telefone”.

Vários habitantes da cidade abordados pela Lusa manifestaram pouco interesse nas eleições e desconhecimento da candidatura de Ed Gonçalves, mas os habitantes portugueses querem aproveitar esta visibilidade.

“A associação portuguesa de Rugby é um projeto que ainda está a dar os primeiros passos. Encontrámos no Eduardo Gonçalves uma pessoa que nos poderá abrir portas que hoje em dia estão fechadas nas autarquias”, adiantou Hugo Ribeiro, emigrante há 15 anos.

O candidato liberal democrata tem poucas ilusões sobre a hipótese de conquistar um assento parlamentar porque tradicionalmente o lugar é disputado entre Conservadores, cujo deputado cessante, Mark Pawsey, procura reeleição, e Trabalhistas, representados por Claire Edwards.

Gonçalves admite ser “complicado” concorrer por um partido cuja popularidade caiu desde 2010 e que, segundo as sondagens, deverá perder metade dos atuais 56 lugares no parlamento britânico.

“Muitas pessoas que votaram no partido nas últimas eleições ficaram desiludidas pelo facto de ter entrado em coligação com o partido Conservador, que é da direita, enquanto que o partido liberal democrata é tradicionalmente de centro esquerda”, admitiu.

Ainda assim, enfatiza, o que está em causa são os interesses locais, como a salvaguarda e maior investimento no hospital distrital, a proteção do ambiente durante o processo de urbanização e um maior apoio à educação.

“Tem de haver um planeamento sustentável e integrado. Se vamos expandir a cidade de Rugby, então têm de haver serviços públicos, mais escolas, melhores transportes públicos dentro da cidade”, defende.

Quando faz campanha porta a porta, Eduardo Gonçalves reconhece ser frequentemente questionado sobre a sua política para a imigração, que o UKIP quer travar saindo da União Europeia.

“Eu tento convencer e ajudar as pessoas a verem que os portugueses e os outros imigrantes aqui em Rugby fazem um trabalho muito importante, têm um papel importante na economia”, conta, sublinhando: “Se os imigrantes parassem de trabalhar, a economia britânica também parava”.

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