Em vão poderia procurar
os traços apagados
das primeiras viagens do meu coração.
Um mustang cavalgando
do meu ventre fendido a fora
sem passado, sem presente
herdeiro efémero escorregando sob o vento
fantasma errante dos crepúsculos púrpuros
condenado a ser soterrado
pelos sóis ofegantes.
Sob as arcadas míticas
os corpos dos amantes
sem rosto ignoram
as horas tristes amando-se.
A lua olvida-os
sob as colunas floridas
onde o belo amor adormeceu.
A aurora inesperada chega por fim
o tufão do norte vai-se acercando
tão vago sobre o oceano
que nos fala de Deus
extraviado algures nas entranhas
do poeta perdido.
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