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Cadafalso

Desta vez, o deserto não há-de vencer,

não há-de engolir-me os pulmões com pó.

O que foi depois daquela tempestade,

quando o rio desfez o convés antes de chegar à foz?

Já não queria lembra-me desse dia de mau augúrio,

o apóstolo mentiu, o fim do mundo voltou.

Avisto da torre de vigia,

as nuvens negras do juízo final

engordarem o céu ao horizonte

e anunciarem a trovoada.

Vale a pena enfunar as velas para salvar o navio?,

ele já viu tantas!

Hoje não sinto medo,

eu sabia que este dia ia chegar,

os meus dedos impávidos ainda cheiram a sangue e pólvora,

fiz demasiado mal para me safar daqui assim,

desta vez é a minha vez.

A onda de choque não me há-de arrancar do chão,

fecho as goelas ao maremoto, os olhos ao tufão,

a electricidade há-de correr-me o corpo,

e eu hei-de ficar de pé,

rindo patibular dos meus algozes e carrascos,

mesmo se a multidão em delírio de espectáculo,

já não escutar as minhas derradeiras palavras:

“25 men on a dead man’s chest,

yo ho ho and a bottle of rum!…”

Tenho sede, mas nem o céu há-de vir em meu auxílio.

 

JLC17012007

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