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Biografia de João Villaret inclui documentos inéditos

A obra “João Villaret – Duas mãos que abertas deram tudo”, biografia do ator, que inclui documentos inéditos do seu espólio, de autoria de um dos seus sobrinhos, é apresentada na sexta-feira dia 27 de março em Lisboa.

Em declarações à Lusa, o autor, Henrique Villaret, afirmou que a biografia “é quase uma história contada pelo próprio”.

“Eu tentei que fosse o próprio ator, ou os que o viram atuar, a contarem a própria história”, explicou o autor, que realçou “a projeção enorme que o Villaret teve no Brasil, principalmente como divulgador e intérprete de poesia, em especial de Fernando Pessoa”.

Segundo o autor o “enorme êxito que João Villaret teve no Brasil, é ainda hoje, uma perspetiva pouco conhecida da sua carreira”.

Quanto ao Brasil, país que condecorou o ator, o investigador referiu ter registado os testemunhos de Bibi Ferreira e Fernanda Montenegro, esta última, de quem João Villaret foi padrinho de teatro.

O livro “foi construído a partir do espólio de Villaret”, que ficou na posse do pai do autor, e que é constituído pelo seu arquivo pessoal, os livros de estudo, a biblioteca, o álbum de fotografias, os discos e a correspondência”.

No tocante à correspondência, que o autor qualificou como “importantíssima”, totaliza cerca de 50 cartas, quase todas inéditas, endereçadas por nomes como os dos poetas António Botto, José Régio e Miguel Torga, quase todas reproduzidas na obra, assim como as cerca de 300 fotografias, maioritariamente inéditas, e ainda algumas dedicatórias dirigidas ao protagonista de “Esta noite choveu prata”, que subiu à cena no extinto Teatro Avenida, em 1954.

“João Villaret – Duas mãos que abertas deram tudo”, num total de 520 páginas, de capa dura, profusamente ilustrado, deu ao autor um “imenso trabalho de vários anos”.

“A obra segue cronologicamente a fulgurante carreira do ator 1931 até 1961”, afirmou o autor, que procurou distanciar-se do facto de estar a tratar do tio, que aliás nem conheceu, pois nasceu cerca de quatro anos depois da sua morte ocorrida em 1961.

“Fui objetivo e rigoroso na identificação das fontes, e tentei sempre abstrair-me do facto de ser um familiar, por outro lado, grande parte do meu trabalho foi a confrontação das fontes, e tive a preocupação de identificar referências e pessoas citadas nas cartas, ou identifica-las nas fotografias”, disse.

O título foi retirado de um poema que João Villaret escreveu em parceria com o poeta português exilado no Brasil, Carlos Maria Araújo, para um music-hall, que estreou, em 1953, no Rio de Janeiro, que se intitulou “Como é diferente o amor em Portugal”.

A obra, acrescentou, Henrique Villaret, reúne “vários apontamentos e aforismos do ator sobre arte, poesia, teatro e cinema”.

João Villaret nasceu em Lisboa, a 10 de maio de 1913, cidade onde morreu, vítima de uma septicemia, a 21 de janeiro de 1961. Às suas exéquias compareceram milhares de pessoas, um jornal, dando conta da enorme popularidade e do sentimento de comoção, escreveu “até lá estava a geral”.

Com o aparecimento da televisão em Portugal, em 1957, João Villaret manteve um programa de poesia, aos domingos à noite, com enorme sucesso.

Sucesso que já conhecera nos palcos do teatro, desde os do Parque Mayer, ao Monumental, passando pelo Nacional D. Maria II.

No cinema, participou nos filmes “O Pai Tirano” (1941) e “Camões” (1946), entre outros.

A obra “João Villaret – Duas mãos que abertas deram tudo” é apresentada às 18:30 no Teatro Nacional D. Maria II (TNDM) pelo encenador João Mota, após o espetáculo “Homenagem a João Villaret”, às 18:00, dirigido por Carlos Paulo, que recria os grandes números do ator em vários espetáculos de teatro de revista.

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