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As páginas eletrónicas do MNE e a falta de informação

A RTP no dia de ontem denunciou a falta de informação da página do consulado de Portugal em Angola, relativamente aos locais desaconselháveis para os portugueses permanecerem em território angolano.

Apesar de esta reportagem ter sido muito bem conseguida do ponto jornalístico e ter revelado uma independência da comunicação social “estatal” em relação ao poder político, não determinou de forma técnica e especifica a responsabilidade da falta de informação nas páginas eletrónicas aos cidadãos portugueses que residem em Angola ou daqueles que pretendem viajar para aquele país.

Os atuais sites dos consulados portugueses permitem a inserção de informação a partir de acessos locais (a partir dos consulados) ou a partir dos serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros português sediado em Lisboa.

Quando existem informações semelhantes para todos os postos, urgentes do ponto de vista humanitário ou do ponto de vista político, estas informações podem ser introduzidas a partir de uma Direção geral, normalmente a DG dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas ou até mesmo a partir de uma Secretaria de Estado ou de um Gabinete do Ministro.

Quando as informações são mais específicas, do género informativo do horário de funcionamento, localização, etc…as informações poderão ser introduzidas a partir de um acesso local que o posto consular também detém.

Este modo de funcionamento, é extremamente eficaz porque permite ao Governante, Diretor Geral ou aos funcionários públicos atentos ao que se passa no estrangeiro atuar de forma rápida e extremamente útil a quem se localiza no estrangeiro e precisa de apoio.

Este sistema funciona desde 2007 e foi um processo a que os diplomatas se tiveram de adaptar através do estudo de um manual que passo a passo explicava a cada posto como poderia inserir a informação do país de acolhimento dos portugueses.

Até ao ano 2007, as páginas dos consulados variavam em termos de aspeto, em termos de conteúdos e os contratos celebrados com empresas de gestão de sites cresciam como cogumelos. Um dos aspetos positivos do choque tecnológico promovido por Sócrates foi a criação de 127 sites de postos consulares, incluindo a página da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas sem recurso a qualquer empresa particular. Tudo foi criado com base num esforço espantoso dos técnicos do extinto Grupo de Informatização Consular (GIC) do MNE, e que formaram os diplomatas e funcionários consulares, ao mesmo tempo que criavam e otimizavam as 127 páginas, uniformizando-as mas ao mesmo tempo recolhendo imagens das fachadas dos consulados em cada país, da fotografia do cônsul, etc…

Uns verdadeiros heróis merecedores de uma comenda do Presidente e sem contas em offshores… Filipa Mendonça, Francisco Fernandes e Rúben Silva foram autênticas máquinas de produção de trabalho nesta empreitada tecnológica…

A ideia que se criou que cada Embaixada é  100% responsável pela informação que insere na sua página não é totalmente verdadeira. A responsabilidade é partilhada com os serviços centrais…O que por sua vez torna a responsabilidade política nestes casos maior do que aquilo que se pensa e que se escreve…

Fica aqui o mote para a comunicação social interrogar com mais precisão na próxima situação em que o Estado Português careça de informação aos cidadãos nas suas páginas eletrónicas.

Paulo Freitas do Amaral

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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