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Venezuelanos em fuga para o Brasil ameaçados

Muitos dos venezuelanos em fogem para o Brasil queixam-se de ameaças por parte de brasileiros, um sinal da tensão existente nas regiões entre os dois países.

Na cidade de Boa Vista, capital de Roraima, são muitos os que vieram da Venezuela, para escapar à crise generalizada no país, com inflação superior a cem por cento ao mês, mas muitos queixam-se de problemas no país de acolhimento.

“Às vezes passam carros com brasileiros e nos dizem ‘vão embora’. Passam quando estamos sentados aqui. Eles vêm na nossa direção e tentam atropelar-nos. Temos de sair rápido” da rua, afirmou à Lusa Hilmar Gonzales, de 24 anos, que se queixas de “maus tratos” por parte da população.

A maioria dos venezuelanos vivem em casas precárias, em bairros improvisados perto do centro da capital estadual, e a grande maioria não consegue emprego e queixa-se da resistência cada vez maior dos brasileiros.

“Entendemos que há brasileiros que se ressentem porque há muitos venezuelanos no país, mas queria que eles entendessem a situação dos outros, de nós da Venezuela”, diz a jovem, junto a um bairro precário, onde vive há três meses.

Com dois filhos, viu as roupas da família confiscada pelas autoridades brasileiras, um problema que ainda não conseguiu resolver.

José Parabalile, de 29 anos, contou que muitos venezuelanos são vítimas de excessos praticados por agentes das policias nas ruas.

“Às vezes estamos sentados a conversar e eles [os polícias] fazem buscas de droga, procurando a confusão. Agarram-nos, revistam-nos e não temos nada”, mas despejam “’spray’ nos nossos olhos” e alguns emigrantes são mesmo agredidos, disse.

“Tem havido violência de brasileiros contra venezuelanos”, acrescentou, salientando que esses casos não são investigados pelas autoridades.

Já José Francisco Zamora, 18 anos, disse que foi acusado de roubo e que tem agora medo de andar pelas ruas em Boa Vista.

“Estava em frente de um abrigo, à espera de uma vaga para entrar, quando passou uma senhora com a sua filha”. Depois, “a senhora voltou com a polícia militar e acusou-se de roubo”, relatou.

Na sequência disso, “levaram-me para a esquadra e agrediram-me. Na manhã seguinte, fui apresentado num tribunal, mas fiquei em liberdade”, com apresentações periódicas, acrescentou.

Agora, Zamora diz recear as autoridades. “Tenho medo de sair à rua, disseram-me que não posso estar na rua depois das 21:00, porque se me virem vou ser preso. Não posso sair de Boa Vista, para sair tenho que pedir permissão da polícia”, concluiu.

A morte de um brasileiro e de um venezuelano após um furto numa loja no início do mês agravou a tensão causada pelo fluxo migratório na zona.

Há cerca de um mês, na cidade de Pacaraima, que fica na fronteira do Brasil com a Venezuela, um conflito acabou com a expulsão de 1.200 venezuelanos que estavam na cidade, após um assalto a um comerciante.

De acordo com dados oficiais, desde 2017 entraram no Brasil 154.920 venezuelanos por via terrestre na cidade de Pacaraima, mas 79.402 já regressaram para seu país.

Dos que decidiram permanecer no Brasil, quase 6 mil estão a viver em abrigos construídos em Boa Vista e dependem da ajuda humanitária do Governo brasileiro e do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.

Outros permanecem acampados nas ruas à procura de abrigo e trabalho.

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