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Timor: freiras lançam livro para crianças em português

Um pequeno livro com histórias infantis inventadas por alunos de uma vila timorense próximo da fronteira com a Indonésia vai ser lançado no fim de semana para angariar fundos para um projeto liderado por duas freiras portuguesas.

“Apoiamos as crianças da zona, centrando o nosso trabalho no estudo da língua portuguesa. Somos um centro social, um ATL para todas as idades”, disse à Lusa Cristina Macrino, uma das duas portuguesas que lidera o projeto das Irmãs Reparadoras Nossa Senhora de Fátima, em Memo, uma vila perto de Maliana, a cerca de 150 quilómetros sudoeste de Díli.

A apoiá-las, estão mais seis funcionários e sete jovens timorenses, algumas das quais vão em breve para a congregação em Portugal, onde esperam continuar os seus estudos.

Instalado na vila de Memo, o projeto social conta com um centro de apoio a crianças e uma clínica que presta cuidados básicos de saúde aos habitantes da zona e a aldeias vizinhas, algumas particularmente remotas.

Financiado pelo Ministério da Solidariedade Social português e contando com o apoio de vários voluntários, o projeto apoia 225 crianças entre os três e os 18 anos, ainda que por questões de espaço só possam ser assistidas diariamente cerca de 70.

“Não conseguimos ter mais. Por isso temos um projeto mais ambicioso. Queremos apoiar até 250 crianças. Dando prioridade ao pré-escolar”, frisou Cristina Macrino.

O grande sonho é um projeto, orçado em cerca de um milhão de dólares, que incluirá a construção de maiores e melhores estruturas para o complexo, nomeadamente uma escola e uma clínica que permitam apoiar mais jovens.

“Os meninos saem do pré-escolar público, que funciona apenas duas horas, e nós podemos apoiá-los. As aulas funcionam em turno nas escolas públicas e por isso temos turmas de manhã para quem vai à escola à tarde e de tarde para quem vai à escola de manhã”, explicou Cristina Macrino.

“A prioridade é o ensino do português, centra-se tudo no ensino do português. E nota-se que está a começar a ter efeitos. Começam a compreender, a entender palavras e a escrever”, explicou.

O pequeno livro, que será lançado no fim de semana por ocasião do 5.º aniversário do projeto, foi criado por alguns membros do ‘Grupo Pastorinhos de Fátima’, como são conhecidos as crianças e jovens que frequentam o centro social.

“Eles precisam de ser motivados. Se forem motivados eles gostam de aprender”, disse.

O livro reúne 22 histórias infantis inventadas escritas – e acompanhadas de desenhos – por alunos que frequentam entre o 7.º e o 12.º ano, com idades entre os 13 e os 20 anos.

Além da língua, o livro representa também a outra aposta do centro, o recurso à arte como método de ensino e de apoio aos alunos.

“É difícil motivar os miúdos. Eles não estão habituados a escrever, a ler, a interpretar textos”, nota.

“Nós gostaríamos que algumas das crianças mais velhas pudessem ter um estudo diferente. As mais velhas estão muito motivadas. Cinco vão agora para Portugal para a nossa congregação, vão estudar e formar-se. Gostava de apoiar miúdas que pudessem estudar em Portugal, para fortalecer as suas formações”, disse.

No complexo funciona também uma pequena clínica de apoio à população, onde são prestados os cuidados mais básicos e de onde se organizam visitas domiciliárias a zonas mais isoladas ou a idosos com menor mobilidade.

O primeiro grande objetivo é o apoio às cerca de 500 famílias do suco de Memo, onde vivem mais de 6.000 pessoas, das quais 2.500 são jovens e 1.400 são crianças em idades escolares.

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