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Sem poder não há influência

Merkel, que se distingue por uma forma feminina de governar, vê a sua capacidade dialogal e de compromisso esbarrada num partido de caracter masculino, o FDP; este declarou por fracassadas as negociações para a formação de um governo de coligação CDU/CSU, Verdes e FDP. O partido dos ricos e dos bem situados acaba com as esperanças de um programa político, económico, social e ecológico que tocava no nervo de todos os partidos da impossibilitada coligação. Todos tiveram de ceder, mas à última hora o FDP estragou o arranjo, porque o resultado dos compromissos não era suficientemente masculino.

Os partidos alemães encontram-se no dilema do saber que sem poder não há influência, e que o agrado do povo se forma entre o conflito e o consenso. Um outro medo acompanha sobretudo o SPD e o FDP: o medo de desaparecer debaixo da capa mágica da “Mãezinha Merkel”. Por outro lado, o povo poderia chegar à conclusão que os partidos são cambiáveis numa sociedade de política real e pacifica que se deseja com potenciais de conflito e de consenso.

A Alemanha encontra-se, de momento, dividida entre aqueles que querem que os partidos assumam responsabilidade participando no governo e aqueles que preferem fortalecer a democracia. Para aqueles, novas eleições corresponderiam à bancarrota dos partidos democráticos e por isso favorecem um governo em minoria ou a grande coligação, (GroKo) como antes; um governo minoritário tolerado teria a vantagem de Merkel ter de arranjar maiorias parlamentares umas vezes com uns partidos e outras vezes com outros. Novas eleições, para já, não corresponderia ao estilo responsável do sistema político alemão. Talvez só passados dois três anos de um governo de minoria tolerado.

Um governo de minoria (CDU, CSU e Verdes), ou simplesmente de minoria, corresponderia mais ao estilo escandinavo de governar e revelar-se-ia inovador numa Alemanha sempre habituada a ser regida por governos estáveis.

Uma governação minoritária com a mudança de maiorias parlamentares daria mais importância ao Parlamento e traria debates emocionantes, a possibilidade de políticos ganharem perfil e poderia abrir caminho para projetos inovadores, entre os quais o recurso a referendos nacionais sobre os temas mais urgentes e assim reduzir o medo e o potencial do AfD. Além disso, também poderia contribuir para apagar a fronteira clássica entre esquerda e burguesia (em parte conseguida pela Chanceler Merkel na política de refugiados).

Resta, portanto, a opção de formação de um governo minoritário de CDU, CSU e Verdes, um governo minoritário de CDU/CSU tolerado ou novas eleições. Novas eleições metem medo a todos, porque seria uma medida que pressupõe um certo abuso de eleições e a necessidade de todos os partidos apresentarem novas personalidades e novos programas de governo na campanha eleitoral. A hipótese de uma grande coligação CDU, CSU e SPD também continua de pé devido ao apelo do presidente da república. De acordo com uma pesquisa da Emnid encomendada pelo “Funke Mediengruppe”, 28% dos apoiantes da União são por novas eleições, e 36%. do SPD.  No total da população os defensores de novas eleições superam os 38%.

Para a França e para a União Europeia só poderia interessar um governo forte e com capacidade para atuar em tempos difíceis para a Europa e que precisariam de governos estáveis.

Quem conhece o realismo político alemão não se admiraria se o SPD, apesar da derrota, continuasse a grande coligação.

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