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Alemanha

Portuguesa participa em novo projeto teatral berlinense

A companhia de teatro “Blauhauch” (“lufada de ar azul”), formada por nove mulheres, todas de diferentes nacionalidades, entre elas uma portuguesa, nasceu esta quarta-feira, na capital alemã. Há dois anos, Laura Frederico mudou-se para Berlim para trabalhar no “mercado internacional”.

A atriz de Castelo Branco, licenciada em Direito, com um percurso profissional entre o cinema e o teatro, confessa que fazer parte de uma nova companhia surgiu “por acaso.” “Ser um grupo de nove mulheres tem, à partida, um grande poder. Senti que podia usar a minha criatividade livremente, sem ser julgada, foi uma das coisas de que eu mais gostei. Senti que era uma rede de trabalho que eu poderia explorar e sentir-me segura”, explica à Lusa a portuguesa de 31 anos.

“Todas temos perfis diferentes e vimos de diferentes países: Noruega, Chile, Portugal, França, Alemanha, Reino Unido, Suíça e Filipinas, e somos todas diferentes”, conta Marion Bott, a criadora da companhia coletiva de teatro.

“Inicialmente eu conhecia três dessas mulheres, as outras foram surgindo. Temos uma atriz de circo, outras com formação em teatro clássico, todas com percursos e origens muito diferentes, o que torna a companhia tão rica”, revela a atriz francesa, que trabalhou vários anos no Reino Unido.

A “Blauhauch” está registada em Londres, mas tem a sua base em Berlim. O objetivo é estar nos dois sítios. “Vamos começar com leituras cénicas, a 18 e 19 de outubro, no teatro Unterm Dach, em Berlim, e estamos também a ensaiar a nossa primeira peça”, adianta Laura Frederico à Lusa.

A peça de estreia, que foi escrita durante três residências artísticas, chama-se “What Silence has to say” (“O que é que o silêncio tem para dizer”, em tradução livre). “É sobre uma mulher que adormece, sonha que é muda e transforma-se em tudo aquilo de que tem medo na vida real. As várias personagens que a rodeiam representam desejos, medos, e pessoas com quem se relaciona na vida real”, descreve Marion Bott. A atriz francesa garante que a ideia de formar uma companhia coletiva, formada apenas por mulheres, surgiu em sonhos, “sem qualquer esforço”.

“Perguntei-me qual era a cor dos sonhos, para mim é azul, é essa a cor do espaço onde os sonhos acontecem. Há um momento durante a madrugada, entre as três e as quatro da manhã em que o céu está tão escuro, e o ar fica com uma espécie de tonalidade azul. Dizem que esse é o momento em que os nossos sonhos são mais frequentes e intensos. É uma espécie de lufada de ar azul, onde os sonhos se tornam possíveis”, confessa Marion Butt, a propósito da criação e do nome da “Blauhauch”.

A portuguesa Laura Frederico, que atualmente vive entre Berlim e Lisboa, onde está a tirar um mestrado na Escola Superior de Teatro e Cinema, realça que a dedicação à nova companhia de teatro é “muito grande”. “Todas tratamos de tudo, candidaturas, financiamento, organização. Claro que na vida de um artista há vários projetos em simultâneo. Eu vou conciliando à medida que consigo”, revela a atriz portuguesa.

Além das representações, a “Blauhauch” pretende oferecer ‘workshops’ para mulheres, com o objetivo de criar poemas, música, monólogos, mas também serviços de ‘coaching’ ou meditação, porque “todos os elementos da companhia são atrizes, mas são mais do que isso”, revela Marion Bott.

“O objetivo da companhia é contar histórias sobre nós, mulheres. Dar-lhes poder para falarem livremente sobre a sexualidade, sobre situações do quotidiano, sobre abuso, encorajá-las a partilhar o significado de ser mulher nos dias de hoje”, remata a fundadora da companhia coletiva de teatro, com sede em Berlim.

A apresentação oficial da nova companhia “Blauhauch” acontece um dia depois do ‘nascimento’, na próxima quinta-feira, dia 04 de outubro.

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