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Manhã de bruma

Enquanto a árvore se desenha de nervuras grossas
na parede de dentro do meu quarto sem janelas,
como as minhas próprias veias entupidas
do sangue negro que já não quer escorrer,
tiaras inteiras de diamantes lassos deixam-se cair no chão
e estatelam-se em ouro que todos pisam.

Enquanto a minha amante, que eu não amo,
com os lábios secos do meu esperma,
cola a almofada ao sexo e adormece,
hibernando como os ratos italianos,
uma enorme águia sobre mim
abre ainda mais as asas gloriosamente
apenas para melhor voltar enfiar a cabeça no arbusto.

Enquanto tudo isso, as águas correm-me à frente
e banham o mundo de uma luz
que já não acredita numa outra manhã.

JLC

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