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Lesados do BES manifestaram-se em Paris

Os emigrantes lesados do Banco Espírito Santo (BES) voltaram a manifestar-se este sábado em Paris para pedir “justiça” e reclamar as poupanças que depositaram, prometendo voltar às ruas dentro de um mês.

“Estão outras manifestações previstas. Organizámos esta porque já tivemos paciência que chegasse. Já faz três anos, acho que já chega. Portanto, tem que haver uma solução para estes emigrantes que aqui estão, todos lesados do Novo Banco. Enquanto a gente não tiver nada concreto, a gente não vai parar”, disse à Lusa Carlos Costa, do grupo Emigrantes Lesados Unidos, que organizou o protesto.

Entre cerca de uma centena de emigrantes, reunidos em frente à Embaixada de Portugal, estava José Fernandes Fonseca, há 34 anos em França, que entoou a frase “tenho desgosto de ser português”, contando à Lusa que foi enganado no ex-BES porque “pediu uma conta a prazo” e o gerente do banco sempre lhe disse que “o dinheiro estava numa conta segura”.

Sérgio Morgado, presença habitual nas manifestações dos emigrantes lesados do BES em Paris, disse que o dinheiro dos emigrantes foi “ganho com muito suor” e lamentou, apontando para uma faixa de protesto.

“O governador do Banco de Portugal é um ladrão, é um corrupto e nós estamos aqui feitos desgraçados a lutar pelo nosso dinheiro, a lutar pelas nossas economias que estão bloqueadas. Por alma de quem?”, disse, revoltado.

Graça Machado, de 74 anos, levou uma mensagem dirigida ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, como pedido de ajuda depois das “promessas feitas no ano passado no 10 de junho”, em Paris: “Já se passou um ano e eles ainda não fizeram nada . O que é que eles estão a fazer o senhor Costa e o senhor Marcelo?”, questionou.

Rosa Pereira, de 62 anos e há 45 em França, também levou um recado ao primeiro-ministro e ao Presidente da República.

“Nós também somos refugiados, também viemos para aqui sem papéis, sem nada. Passámos aqui muito. Portanto, chegou a altura de ajudar os emigrantes, não é só mandar dinheiro para Portugal. Agora roubaram-nos”, declarou.

Maria Rosa Carrilho, de 67 anos e há 47 em França, foi também à manifestação para pedir o dinheiro de “toda uma vida”. Trabalhou 43 anos e o marido outros tantos.

Também Maria Margarida Macedo, de 61 anos e há 38 em França, quer “100% do dinheiro” que investiu e avisou que não vai aceitar qualquer outra proposta que não lhe garanta isto, aguardando novidades sobre as negociações.

A Associação Movimento Emigrantes Lesados (AMELP) reuniu-se pela primeira vez com o presidente do Novo Banco, António Ramalho, a 17 de março.

Esteve na manifestação para recolher assinaturas para apresentar na Assembleia da República, para que se constitua uma comissão de inquérito, disse à Lusa Helena Batista, vice-presidente da AMELP.

“Estamos a fazer uma petição para abrir uma comissão de inquérito na Assembleia da República e estamos a pedir aqui às pessoas para nos assinarem essa petição. Temos de recolher quatro mil assinaturas para que o nosso caso seja discutido em plenário, para que assim seja declarado que nós fomos enganados”, indicou Helena Batista.

Paulo Pisco, deputado socialista eleito pelo círculo da Europa, marcou presença na manifestação e acompanhou um grupo que foi recebido na embaixada, sublinhando à Lusa que “quem deve ser essencialmente chamado à resolução deste problema, com ética, com moral e sem subterfúgios nem enganos, é o Novo Banco e o Banco de Portugal”.

Também presentes estiveram representantes do Núcleo da Europa do Bloco de Esquerda, nomeadamente Adriano Salgueiro, que alertou que “o povo tem sido defraudado pelo sistema bancário e pela classe política em geral que deixa sempre a emigração para último reduto”.

(Fotografia Paulo Pisco)

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