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Incêndio do Fundão consumiu colégio histórico

O colégio de São Fiel, um histórico colégio jesuíta da segunda metade do século XIX e atualmente desativado, foi destruído pelas chamas que estão a consumir a Serra da Gardunha, no concelho do Fundão.

Em entrevista hoje à Agência ECCLESIA, o padre José Júlio Pinheiro, presidente da Comissão da Pastoral da Cultura da Diocese da Guarda, lamentou a perda de “mais um marco” do património religioso do país e da tradição educativa da Igreja Católica, que “durante muito tempo substituiu o Estado” na missão de formar as populações, sobretudo as mais carenciadas.

Aquele responsável recordou que o Colégio de São Fiel “tornou-se célebre” por ter sido frequentado por figuras como “António Egas Moniz”, o primeiro “Prémio Nobel” português, na área da medicina.

Foi também naquele colégio, salientou o sacerdote, que nasceu em 1902 a revista ‘Brotéria’, referência incontornável da Companhia de Jesus, no que respeita a sua missão ao serviço da cultura e da ciência.

“Era um colégio célebre pelas ciências, muito voltado para a Biologia, quando ainda não se falava do saber de experiência feito, tinham muito ligada à parte teórica a vertente da descoberta”, lembrou o padre José Júlio Pinheiro.

O colégio de São Fiel, em Louriçal do Campo, estendeu a sua atividade entre 1863 e 1910, altura em que foi extinto devido à confiscação dos bens da Igreja Católica após a implantação da República.

Nas décadas seguintes, funcionou ainda como reformatório para crianças e adolescentes confiados à guarda do Estado, até ser definitivamente desativado.

Atualmente, aquele monumento estava integrado no Programa Revive, um projeto lançado pelos ministérios das Finanças, Cultura e Economia, que prevê a concessão a privados de imóveis históricos degradados, a fim de estes serem restaurados.

O fogo atingiu o colégio de São Fiel, situado no sopé da Serra da Gardunha, pelas 22h00 desta terça-feira, tendo segundo as autoridades locais, ardido na sua totalidade.

“É mais um marco que desaparece por incúria primeiro dos homens, porque há muito tempo que estava abandonado, e depois por esta falta de visão do cultural, sobretudo nesta zona do interior”, lamenta o padre José Júlio Pinheiro.

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