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Burgomestre português “teria sido sinal importante” refere jornal luxemburguês

O jornal luxemburguês Luxemburger Wort considerou que “um burgomestre com raízes portuguesas teria sido um sinal importante para o país”, denunciando “fossos e barreiras” na participação política dos estrangeiros.

O jornal destacou o caso do imigrante português que venceu as eleições municipais, a 08 de outubro, em Bettendorf mas renunciou ao cargo de burgomestre, invocando dificuldades com a língua luxemburguesa e o facto de só ter a quarta classe.

Num editorial em alemão, traduzido esta semana pelo semanário português Contacto, o jornalista Marc Thill disse compreender a decisão do português, que considerou “sábia”, mas lamentou a ocasião perdida de ver um imigrante com passaporte português chegar ao mais alto cargo municipal.

O jornalista denunciou “fossos e barreiras” à participação política dos imigrantes no Luxemburgo, que representam quase metade da população, recordando que “só um quinto dos estrangeiros” votou nestas eleições, realizadas em 8 de outubro.

O editorial apontou ainda “as feridas abertas” com a vitória do “não” no referendo sobre o direito de voto dos estrangeiros em eleições legislativas, em 2015, considerando que foi “uma mensagem incómoda para numerosos imigrantes, sem os quais o país não pode funcionar”.

Acusando o Luxemburgo de ter “um défice democrático”, Marc Thill defendeu que este não se limita à política, apontando também barreiras no acesso dos imigrantes à educação.

“Aqueles que não conseguem ter sucesso no sistema de ensino luxemburguês, e é esse o caso de muitas crianças de origem estrangeira, não têm depois qualquer oportunidade no mercado de trabalho”, acusou, afirmando que muitos são condenados “a um emprego não qualificado”.

O editorial criticou ainda a escassa representatividade de trabalhadores não qualificados entre os candidatos às eleições municipais, considerando que se trata de um círculo vicioso e defendendo que esta situação “não pode continuar”.

Com 47,7 por cento de estrangeiros, o Luxemburgo tem sido alvo de críticas por causa da baixa participação política dos não-nacionais.

Num relatório sobre o país divulgado em 21 de junho, a OCDE apontava que poucos imigrantes “votam ou são eleitos”, representando “uma fatia crescente e muito significativa da população que não participa no debate político”.

O país também foi alvo de críticas por causa das dificuldades dos imigrantes no acesso ao emprego e o insucesso dos seus filhos no ensino luxemburguês.

Um relatório da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (ECRI), divulgado em março deste ano, apontava que os imigrantes no Luxemburgo desempenham as funções menos bem pagas, ocupando 75% dos trabalhos pouco qualificados no país.

Aquele órgão do Conselho da Europa também criticava o facto de “os filhos de imigrantes” serem “uma minoria no ensino secundário clássico (21,9%)”, considerado “a via mais valorizante”, apontando ainda que os mais afetados pelo abandono escolar são os portugueses, cabo-verdianos e italianos.

 

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