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Artista portuguesa cria mural na Colômbia

A artista plástica portuguesa Ana Vidigal vai proferir duas conferências na 14.ª edição da Feira Internacional de Arte Contemporânea de Bogotá – ARTBo, que decorre a partir de quinta-feira, na capital da Colômbia.

De acordo com a organização, as conferências vão decorrer no âmbito do programa paralelo da feira, na Fundação Flora Ars+Natura e na Universidade dos Andes, para a qual a artista foi convidada a executar um mural.

Fundada em 2004, e organizada anualmente pela Câmara de Comércio de Bogotá, a ARTBo tem vindo a afirmar-se como um centro de intercâmbio e promoção da cena artística colombiana.

Ana Vidigal, que em 2014 teve trabalhos seus expostos na ArtBo, apresenta-se pela primeira vez para fazer conferências, e instalará na Universidade dos Andes a obra “Très vite dans ma vie il a été trop tard #2”.

Esta obra foi criada originalmente para a exposição “O que pode a Arte”, realizada este ano no Atelier-Museu Júlio Pomar, em Lisboa, tendo como ponto de partida os 50 anos do Maio de 68, e uma série de obras de Júlio Pomar feitas nessa mesma época.

Como Ana Vidigal não viveu o Maio de 68 e não podendo, por isso, usar a sua experiência pessoal para a reflexão, resolveu pegar num elemento formal que, na época, teve grande impacto: o cartaz político.

O cartaz político foi, na época, fundamental como forma de expressão e protesto, e muitos foram feitos por artistas, com frases que ainda hoje lembram a época.

“Tendo consciência de que o Maio de 68 não foi um único movimento (sendo o estudantil o mais mediático), mas sim o resultado de uma profunda crise económica e de direitos, peguei num livro de propaganda, chinês, original e escrito em francês (porém feito na China), que era usado para propaganda e [para] arregimentar, desde muito novas, as crianças para a revolução chinesa”, explica a artista num texto sobre o trabalho.

Ainda segundo a artista, o seu trabalho “é, pois, também uma crítica a essa mesma propaganda, de uma utopia que hoje em dia se sabe não ter funcionado”.

“Alienei a escala do livro infantil, ficando cada página com a dimensão de cartaz. Ao colá-los uns por cima dos outros, relembro também a imagem formal de paredes portuguesas depois da revolução de 74, onde partidos políticos ainda defendiam utopias que se sabia serem uma fraude”, considera.

Através dos seus trabalhos em colagem, pintura, montagem e instalação, Ana Vidigal, nascida em Lisboa, em 1960, fala sobre o tempo e sobre a memória.

Utiliza-os como processos de descontextualização e reconfiguração de imagens retiradas de diferentes fontes, explorando os valores sociais, políticos e até de memória que transportam.

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