Ainda há muito investimento a fazer em Portugal diz presidente da CCIFP
A organização do Salão do Imobiliário e do Turismo Português em Paris, que vai decorrer de 18 a 20 de maio, acredita que “ainda há muito investimento a fazer” em Portugal, nomeadamente em Lisboa.
Carlos Vinhas Pereira, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa (CCIFP), que organiza o salão desde 2012, admite que em alguns bairros de Lisboa o preço do metro quadrado tenha atingido valores comparáveis aos de Paris, mas insiste que o preço médio é menos de metade do que na capital francesa.
“O preço médio do metro quadrado em Lisboa é de 4.000 euros, em Paris é de 9.000. Agora, há alguns sítios, como o Chiado, como a Avenida da Liberdade, onde temos preços muito parecidos com os preços de Paris, mas estamos a falar de alguns bens, de alguns bairros, não estamos a falar de Lisboa por completo”, afirmou à Lusa.
O presidente da CCIFP não receia que haja uma bolha imobiliária na capital portuguesa que, na sua opinião, vai continuar a atrair investimento francês neste setor.
“Ainda há muito, muito investimento a fazer e grandes oportunidades. Por isso é que continua a haver sucesso. O dia em que Lisboa estiver nos preços de Paris claro que será completamente diferente, mas ainda temos algum tempo para isto”, considerou.
A sétima edição do Salão do Imobiliário e do Turismo Português, que se vai realizar no Parque de Exposições da Porta de Versailhes, em Paris, vai reunir quase 180 expositores, entre promotores imobiliários, conselheiros jurídicos e fiscais, notários, bancos e companhias de seguros.
Carlos Vinhas Pereira afirmou que espera “ultrapassar os 17.000 visitantes”, depois de ter atingido os 16.800 no ano passado, e as suas expectativas de vendas imobiliárias para esta edição situam-se “entre 300 a 400 milhões de euros”.
Desde a primeira edição, em 2012, o salão alcançou um volume de vendas de imóveis que “ultrapassou os 2.000 milhões” de euros e contribuiu para a popularidade de Portugal como destino imobiliário e turístico.
“Em 2012 era um assunto que não era conhecido. As pessoas iam para o Magrebe e para a Espanha mas raramente para Portugal. Estas edições permitiram atingir 3 milhões e meio de turistas franceses em 2017 e 39% dos bens comprados por estrangeiros em Portugal foram comprados por franceses”, indicou.
Carlos Vinhas Pereira acrescentou que os franceses estão a comprar em Portugal “vivendas e apartamentos bem situados” na ordem dos 200.000 a 250.000 euros, ou seja, “já não é aquele apartamento baratinho, eles querem qualidade” e muitos vendem o apartamento em França para comprar em Portugal.
Além do custo de vida, do clima e da segurança, as vantagens fiscais facultadas pelo estatuto do residente não habitual continuam a ser um dos trunfos de Portugal.
Para os reformados do setor privado, por exemplo, o estatuto permite uma isenção fiscal durante dez anos, desde que provem que residem em Portugal 183 dias por ano e que não tiveram residência fiscal no país nos últimos cinco anos.
Os reformados – sobretudo franceses e, aos poucos, portugueses emigrados que regressam a Portugal – constituem a grande maioria dos que usufruem desse estatuto, e “cerca de 10% são investidores e têm profissões de valor acrescentado”.
De acordo com o estatuto do residente não habitual, as atividades consideradas de “elevado valor acrescentado, com caráter científico, artístico ou técnico”, como arquitetos, artistas, médicos, investidores, quadros superiores de empresas e profissões liberais, são tributadas à taxa de 20% pelos rendimentos gerados em Portugal.
Na programação do Salão do Imobiliário e do Turismo Português, estão previstas várias conferências sobre como investir e empreender em Portugal, sobre construção ecológica, sistema de saúde, turismo e oportunidades imobiliárias em diferentes cidades.
A conferência inaugural de sexta-feira conta com a presença da secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, e do embaixador de Portugal em França, Jorge Torres-Pereira.
A programação conta, ainda, com uma “aldeia gastronómica” com produtos portugueses e uma sessão de dedicatórias de Dolores Aveiro, mãe de Cristiano Ronaldo, que vai levar para o salão a tradução francesa do livro “Mãe Coragem”, a 19 de maio.