De que está à procura ?

Colunistas

A propósito da CP

Há uns anos atrás havia um ramal que era muito útil e servia uma população de cerca de 200.000 pessoas. Era uma linha ferroviária que unia o concelho de Coimbra ao da Lousã, passando por Miranda do Corvo. Quando eu andava no liceu e na faculdade, muitos colegas meus vinham por esse meio, também muita gente apanhava os diversos comboios que ali circulavam para virem trabalhar para Coimbra, ou para irem ao hospital, ou para recorrerem a diversos serviços públicos e privados.

Talvez aquilo desse prejuízo e os comboios fossem velhos, mas era útil, facilitava a vida a muita gente e as queixas eram a que de podia ser melhor, que os horários não eram compatíveis, etc…

E então, e para ser uma coisa imponente e “à grande” resolveu-se fazer uma ferrovia toda renovada, com muito maior conforto, e que pouparia cinco minutos na viagem entre Coimbra e a Lousã. É certo que próximo de Coimbra, em Ceira, o pessoal teria que mudar de comboio porque a bitola urbana e periférica são diferentes, e isto e aquilo e outras coisas mais. A partir daí para Coimbra, funcionaria um Metro de superfície, uma coisa importante e modernaça.

Criou-se a empresa, a Metro Mondego, o que é estranho porque dois dos concelhos envolvidos não são banhados por esse rio, mas tudo bem, a malta entende essas coisas, e talvez fosse melhor chamar-lhe Metro Ceira.

Comprou-se ou alugou-se uma moradia em zona nobre e tranquila para servir de sede à empresa. Os responsáveis passaram a designarem-se por Administradores, e compraram material circulante. Claro que não era material circulante nos carris, mas sim cinco ou seis potentes BMW. Até agora, o único material que a Metro Mondego S.A. (isto do S.A. dá estatuto à coisa) foram mesmo esses potentes BMW.

E começaram-se então a fazer estudos de impacto ambiental, e outros estudos que nunca foram revelados ao público como os de impacto económico e financeiro, quer na vertente de puro lucro ou prejuízo e devidas compensações para o concessionário, quer na de incorporação dos custos de amortizações do material.

E a seguir o que é que se faz? Gasta-se 85 milhões de Euros a destruir uma linha ferroviária e parte da Baixa da cidade por causa da necessidade premente de um Metro de superfície que nunca ninguém reivindicou, e que na verdade, não se adequa à cidade!

Mas se se adequa ou não, nunca saberemos porque no final de se gastar 85 milhões de Euros a destruir o que era útil, acabou o dinheiro! E desde aí até agora não há nada a não ser destruição. Não sei se é da água que a malta bebe ou do excesso de cerveja, mas o pessoal votou na manutenção da coisa e no mesmo pessoal, e num projecto de se fazer um aeroporto internacional direccionado para o mercado “low cost”. Na mesma senda, estimo que a coisa corra mal, mas tudo bem, estou aqui e não me vou embora.

Estou a desviar-me do assunto, e em termos de material circulante eu gostaria imenso de ter um Tesla, todo eléctrico e não poluente e que o mesmo fosse subsidiado pelo Orçamento de Estado. Estou certo que o pessoal de Castelo Branco, da Covilhã e de Bragança gostariam que quando fossem a Lisboa, também fossem subsidiados pelo Orçamento de Estado no pagamento nas auto-estradas.

Demagogicamente a coisa é muito interessante, porque Fernando Medina para justificar o sucesso da sua governação autárquica, acha que o passe dos serviços de transporte para o pessoal da zona de Lisboa deve diminuir e que para contrabalançar deve ser pago por todos os contribuintes portugueses, mesmo todos aqueles que não possuem nunca possuirão um autocarro à porta de casa, por todos aqueles que tinham uma linha de comboio que foi roubada (não consigo encontrar outra expressão).

A coisa em termos de demagogia no aspecto de argumentário, é de tal forma bem elaborada que mistura o que não aconteceu (a baixa do imposto suplementar sobre o combustível) com o que propõe, que é um aumento da carga fiscal. Ou seja, duplica a carga fiscal e ainda recebe olés e “sim senhor que temos autarca”.

A sério, não há pachorra. Já agora, a CP não alugou quatro locomotivas à RENFE espanhola, alugou mais quatro e segundo as minhas contas, são pelo menos 28.

Já agora e em termos de curiosidade, parece que a solução para a circulação ferroviária entre a Lousã e Coimbra, passa um sistema rodoviário que utiliza o antigo trajecto ferroviário. Não fosse isto complicado, acresce que o veículos rodoviários que circularão em vias ferroviárias são tão autônomos que nem precisam de motorista…. porém, todos terão um!

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA