todos tinham já saído. todos.
na imensa biblioteca
apenas deus e eu.
foi então que vi com estes olhos
que a poesia há-de comer
deus ao chão dezenas de livros lançar.
logo após, colérico, pegou num revólver
e apontou-o à própria cabeça
um poema apocalíptico.
deus com um revólver apontado à cabeça.
com as mãos e o pensamento
a tremerem-me de satisfação
acrescentei-lhe alguns clamores
versos incitantes.
deus premiu o gatilho uma vez, duas.
rejubiliei.
premiu de novo o gatilho.
caí em êxtase.
premiu uma última vez. nada.
a arma estava descarregada.
de súbito, a biblioteca começou a arder.
o fogo rapidamente tudo consumiu. tudo.
enquanto fugia
lembrei-me da Biblioteca de Alexandria.
doravante, toda a minha poesia será
um violento vasculhar nestas cinzas.
dm